
Em 23 anos de carreira, a banda gaúcha Engenheiros do Hawaii converteu milhares de pessoas a uma idolatração xiita, sob os comandos de Humberto Gessinger, que arrebanha, a cada verso, mais almas perdidas para contemplá-lo a declamar, açodadamente, as suas palavras como se fossem palavras santas.
Gessinger é um cara chato. É fácil notar em qualquer entrevista. Além disso, ele responde e age como se fosse um poeta. Gessinger é uma espécie de totem intelectual. É o Apocalipse.
Não são raros os momentos em que alguém, no bar, entre conversas, recita um trecho de sua “obra poética”. O preocupante é que não é só na informalidade que Humberto desponta como um poeta e intelectual.
Ao lado de Platão, Balzac, Tolstói, Saussure, Voltaire, Muniz Sodré, Santo Agostinho e Jean Baudrillard, diversos acadêmicos parafraseiam os versos do compositor de “Ana, teus lábios são labirintos, Ana. Que atraem os meus instintos mais sacanas” em apresentações e trabalhos acadêmicos.
Uma rápida vasculhada no Google traz inúmeras citações. Por exemplo, na interessante dissertação de Wesley Martins Teles, “Sistema adaptativo para web sites baseado no comportamento da formiga”, apresentada como requisito à obtenção do grau de Mestre, pelo Departamento de Ciência da Computação, na Universidade de Brasília: “Se queres paz, te prepara para a guerra. Se não queres nada, descansa em paz”, GESSINGER, Humberto.
“Preciso me perder, como preciso de ar. Perder o rumo é bom, se perdido a gente encontra um sentido escondido em algum lugar”, GESSINGER, Humberto. Essa, virou citação em tese de Doutorado em Agronomia, “Morfogênese, dinâmica do perfilhamento e do acúmulo de forragem em pastos de capim-marandu sob lotação contínua”, apresentada à Escola Superior de Agronomia, Universidade de São Paulo, em março de 2004.
Exemplo de trabalho acadêmico não menos interessante que cita Gessinger, eruditamente, é a fantástica dissertação de Mestrado “Desenvolvimento e avaliação de Sistema envolvendo Interface de análise por interjeição em fluxo com eletroferose capilar”: “Nem sempre faço o que é melhor pra mim, mas nunca faço o que não ‘tô a fim de fazer”, citado logo abaixo de uma citação do filósofo Albert Camus. Repito: é o Apocalipse.

Devido aos raros momentos de acertos, conseqüência de insistentes e extenuantes jogos de vogais e consoantes, para os fãs, as construções poéticas de Humberto Gessinger são dignas de serem tachadas como geniais.
“O que você não quer eu não quero insistir, então, diga a verdade, doa a quem doer. Doe sangue e me dê seu telefone”, exige Gessinger, com a romântica “Piano Bar”, de 1991.
Um ano mais tarde, Humberto compôs um de seus hinos mais apreciados pelos fãs, a débil, “Parabólica”. Como podemos conferir, é, de fato, uma preciosidade da música brasileira: “Prenda minha parabólica/ Princesinha clarabólica (...) olho-me para longe/ a distância não separabólica”.
“Segurança”, outro clássico dos Engenheiros, do primeiro disco da banda, repete exaustivamente o refrão “você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança, senão você dança” e vai além: “Ele era o tal, cheio de moral, fascinava você, tinha um Puma-GT com vidro fume. Tinha sauna no ap, só pra você ver (pode crer). Lutava karatê como nos filmes da TV”. Em seguida, mais um refrão “você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança, senão você dança”.
Com fervor, os versos esdrúxulos são repetidos aos quatro ventos, com a mesma verborragia tresloucada dos discretos pregadores da Praça Raposo Tavares, que aos sábados, não permitem que minhas singelas pestanejadas, em meu apartamento, desfrutem de tranqüilidade e paz.
“Pr’o alto da montanha, num arranha-céu. Sem final feliz ou infeliz... atores sem papel. No alto da montanha, à toa, ao léu”; “Eu abri meu coração como se fosse um motor e na hora de voltar sobravam peças pelo chão”; “Voando sem instrumentos, ao sabor do vento, se depender de mim eu vou até o fim”; “Surfando karmas e DNA na falta do que fazer, inventei a minha liberdade”; “Vamos duvidar de tudo o que é certo, vamos namorar à luz do pólo petroquímico”. É o Apocalipse.
Gessinger é um cara chato. É fácil notar em qualquer entrevista. Além disso, ele responde e age como se fosse um poeta. Gessinger é uma espécie de totem intelectual. É o Apocalipse.
Não são raros os momentos em que alguém, no bar, entre conversas, recita um trecho de sua “obra poética”. O preocupante é que não é só na informalidade que Humberto desponta como um poeta e intelectual.
Ao lado de Platão, Balzac, Tolstói, Saussure, Voltaire, Muniz Sodré, Santo Agostinho e Jean Baudrillard, diversos acadêmicos parafraseiam os versos do compositor de “Ana, teus lábios são labirintos, Ana. Que atraem os meus instintos mais sacanas” em apresentações e trabalhos acadêmicos.
Uma rápida vasculhada no Google traz inúmeras citações. Por exemplo, na interessante dissertação de Wesley Martins Teles, “Sistema adaptativo para web sites baseado no comportamento da formiga”, apresentada como requisito à obtenção do grau de Mestre, pelo Departamento de Ciência da Computação, na Universidade de Brasília: “Se queres paz, te prepara para a guerra. Se não queres nada, descansa em paz”, GESSINGER, Humberto.
“Preciso me perder, como preciso de ar. Perder o rumo é bom, se perdido a gente encontra um sentido escondido em algum lugar”, GESSINGER, Humberto. Essa, virou citação em tese de Doutorado em Agronomia, “Morfogênese, dinâmica do perfilhamento e do acúmulo de forragem em pastos de capim-marandu sob lotação contínua”, apresentada à Escola Superior de Agronomia, Universidade de São Paulo, em março de 2004.
Exemplo de trabalho acadêmico não menos interessante que cita Gessinger, eruditamente, é a fantástica dissertação de Mestrado “Desenvolvimento e avaliação de Sistema envolvendo Interface de análise por interjeição em fluxo com eletroferose capilar”: “Nem sempre faço o que é melhor pra mim, mas nunca faço o que não ‘tô a fim de fazer”, citado logo abaixo de uma citação do filósofo Albert Camus. Repito: é o Apocalipse.

Devido aos raros momentos de acertos, conseqüência de insistentes e extenuantes jogos de vogais e consoantes, para os fãs, as construções poéticas de Humberto Gessinger são dignas de serem tachadas como geniais.
“O que você não quer eu não quero insistir, então, diga a verdade, doa a quem doer. Doe sangue e me dê seu telefone”, exige Gessinger, com a romântica “Piano Bar”, de 1991.
Um ano mais tarde, Humberto compôs um de seus hinos mais apreciados pelos fãs, a débil, “Parabólica”. Como podemos conferir, é, de fato, uma preciosidade da música brasileira: “Prenda minha parabólica/ Princesinha clarabólica (...) olho-me para longe/ a distância não separabólica”.
“Segurança”, outro clássico dos Engenheiros, do primeiro disco da banda, repete exaustivamente o refrão “você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança, senão você dança” e vai além: “Ele era o tal, cheio de moral, fascinava você, tinha um Puma-GT com vidro fume. Tinha sauna no ap, só pra você ver (pode crer). Lutava karatê como nos filmes da TV”. Em seguida, mais um refrão “você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança, senão você dança”.
Com fervor, os versos esdrúxulos são repetidos aos quatro ventos, com a mesma verborragia tresloucada dos discretos pregadores da Praça Raposo Tavares, que aos sábados, não permitem que minhas singelas pestanejadas, em meu apartamento, desfrutem de tranqüilidade e paz.
“Pr’o alto da montanha, num arranha-céu. Sem final feliz ou infeliz... atores sem papel. No alto da montanha, à toa, ao léu”; “Eu abri meu coração como se fosse um motor e na hora de voltar sobravam peças pelo chão”; “Voando sem instrumentos, ao sabor do vento, se depender de mim eu vou até o fim”; “Surfando karmas e DNA na falta do que fazer, inventei a minha liberdade”; “Vamos duvidar de tudo o que é certo, vamos namorar à luz do pólo petroquímico”. É o Apocalipse.