quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lincha viado!

Tava queto no meu canto.
Esperando o 335 pra voltar pra casa.
Sempre espero ali sim senhor.
Na Mauá em frente do Avenida Center.
Se tenho dinheiro compro um pastel no japonês.
De pizza.
Mas esses dias tão foda cê sabe.
É a crise né?
O ponto tava vazio às cinco e meia.
Meia hora que faz toda a diferença.
Quando eu saio às seis e meia já tá lotado.
Dai que eu esperava o meu.
Tava sem óculos.
E fico forçando a vista pra longe.
Miopia da brava doutor.
Minha mulher reclama diz que dá ruga.
Melhor a ruga que perder o 335.
Nem tinha reparado que aquela tranquêra já tava lá.
Só vi quando provocou:
“Ai que olhar sério”.
Dai começou.
Olhei pra bicha e achei melhor nem ligar sabe?
Sou de paz não procuro encrenca.
Magricela de camisa cavada.
Chinelo rosa no pé.
Bermuda laranja.
Não levo desaforo mas deixei passar.
“Oi gato!”
Fiquei na minha ainda doutor.
O nervo pulsando.
É a nossa Maringay né?
Tem que respeitar.
Dei um olhar de ódio praquela bicha.
E adiantou?
“Cara feia é fome. Quer uma comidinha?”
Porra ai não deu.
Aquele viado já me achava da turma dele?
Logo eu?
Meti uma bica no estômago ele caiu de frente.
Pulei em cima da costa com meu coturno antigo.
75 quilos que era só pra assustar.
Dei uns seis ou sete pulos assim.
Ele lá sentindo prazer.
Não pedia nenhuma desculpa.
O chinelo rosa longe do pé.
“Pede desculpa filha da puta!”
Nada doutor.
Gemia de prazer o masoquista magricela.
Uns três carros pararam no lugar do ônibus:
“Lincha viado!”
Dai que não sei de onde surgiu aquele maluco ali daquela outra sala.
O gordo barbudo metaleiro.
Me deu um empurrão que sentei no banco do ponto.
Levantou o viado que continuava gemendo.
A plateia mais alto:
“Lincha viado!”
O gordão olhou pros carros.
O viado preso pelo cangote.
Jogou a bicha no chão.
Doeu até em mim.
Baixou a bermuda laranja.
Ai o viado começou a gritar com medo mesmo pela primeira vez.
Acho que até ouvi uma desculpa.
Tinha umas dez pessoas já em volta.
Uma cega desesperada por detalhes.
O japonês abandonou o pastel empolgado.
O gordo abriu uma bolsa e tirou um pau de bateria.
Daqueles que toca o instrumento.
É baqueta? Se o senhor diz.
Dai sem mais nem menos enfiou o troço quase inteiro na bunda do cara.
Nem deu pra perceber o que o gordo ia fazer doutor.
Falei que eu tava sentado.
Quando vi o pau da bateria,
Dois segundos ele já tinha desaparecido no cu do viado.
Tenho estômago forte.
Mas aquilo foi demais.
Aquele gordão ali é barra pesada.
O pior inimigo da face da terra.
Não me deixa junto dele não.
Uma coisa de trinta centímetros assim ó.
Desaparecer quase toda sem uma cuspida no rabo?
A cega vibrava com os detalhes.
O japonês sorria feito aniversariante.
Os motoristas comemoravam:
“Lincha viado!”
Foi ouvir o sinal da polícia,
O gordo saiu como foguete.
Mas é gordo né?
Desceu à esquerda chegou na Brasil cruzou que nem um louco.
E prenderam o bicho acho que na frente daquela escolinha de criança né?
E eu que só queria chegar em casa.
Tenho um primo viado doutor.
Nada contra.
Sempre tratei muito bem ele e o namorado.
Respeito os maringays,
Mas eles me respeitam?
Tá foda viver por aqui viu?
Esse mundo muda rápido.
Acho barbaridade o que fizeram com o viado de verdade.
O que ele menos deve tá reclamando é do meu coturno antigo.
Nunca vi mais gordo doutor.
Não sei como aquele gordo surgiu na história.
Pode perguntar pra quem tava lá.
Pro japonês.
Apareceu já com mochila e baqueta.
Trabalho de pedreiro de segunda a segunda.
Tô fazendo um prédio ali no centro novo.
O doutor pode trazer um pouco de água?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Duvida?

Meu nome é Dinara. No quinto copo pronta pro abate.
Solteira que Deus o tenha.
Não tive mãe nem pai.
Criada com os filhos do Seu João Silva na Vila Operária.
Obrigada a chupar o pau dele segurando a Magali.
Tadinha da minha boneca de pano.
Hoje é fácil rir.
O velho safado destruiu minha infância.
Como estudar com aquela pica enorme na cabeça?
Mas ensinei tudo às amigas.
De como pegar, botar na boca, passar na bochecha sorrindo,
E fechar o olho rapidinho
Antes da porra espirrar.
Uma última passada, com o rosto melecado:
Todos à loucura.
Quando fugi daquele lugar,
Já era mulher da vida.
A mais procurada aqui no Maçã do Amor.
Com o tempo cê sabe.
Mais caro o de pau grande.
Senão cê não guenta.
Ai meu bem,
Você é dos grandão que eu sei.
Quarenta o programa mais quinze do quarto.
Vinte a chupetinha mais os quinze.
Ainda tô no terceiro copo hoje.
Mas por que tantas perguntas querido?
Tá parecendo repórter.
Já conheceu nossas garotas?
Chegô uma nova mês passado.
Aline loira 18 anos.
Um anjo de garota que só.
Novinha da sua idade.
Linda pra namorar.
Ou algo mais experiente?
Quer tentar meu bem?
Para de roer a unha.
Faz mal.
Te mato de prazer atrás da porta.
De calcinha vermelha bem fina.
Comigo sempre a novidade mais gostosa.
Qual é seu nome?
Fala aqui ó pertinho.
Medo de mim?
Huuum que delícia de nome.
Te faço latir feito cachorrão Celso.
Celsão selvagem.
Huuum.
Não tem medo não.
Com um quarto mudo sua vida.
Duvida?

domingo, 11 de outubro de 2009

Nada de trambolho

Eles chegaram numa tarde chuvosa.
Rindo alto e comemorando.
Logo vi que estavam chapados.
De segredo há coisa de um mês. Pensa que eu não sabia?
O grande assalto no Café Cremoso.
Posso ser tonta. Mas burra, não.
Primeiro, as máscaras de carnaval. Lula, Pelé e um cara que eu nunca vi. Depois, um e outro detalhe no truco.
Eles ficavam jogando bem ai, na entrada. Colocavam a mesinha, as cadeiras, e aproveitavam pra mexer com as mais jovens na rua. Quando eu trazia cerveja – quase duas grades! –, levava um safanão na bunda, bem dado pelo Antônio, que ria pro alto, com a mão na barriga e o olho vermelhão. Já pro final, bêbados, dava pra ouvir tudo sobre o assalto na padaria, no dia seguinte.
E mais safanão.
Até o Baiano e o Bode metiam a mão em mim, enquanto o Antônio me chamava de trambolho.
Foram pra dentro pelas onze e meia.
Quem arrumou tudo?
Euzinha, o trambolho da escrava, a doméstica que todo mundo mete a mão.
Na cozinha, onde eu sempre rezo de manhã, cada um mostrava seu cano.
Todos enferrujados.
Não sei nome de revólver. Sei que eram pretos e enferrujados.
E ficaram em cima da mesa até a noite do dia seguinte.
O Antônio dormiu no sofá. Os outros no chão mesmo. De manhã, me chamou de trambolhinho e pediu café.
Morria de amores por ele, doutor, o café fiz com paixão.
Se frio, ele taca na minha cara.
“Tem que ta pelando, trambolho!”
De tanta exigência, aprendi o mais quente do café. Na recompensa, safanão ardido e olhar de desejo.
Não tavam nervosos, não.
Até tomaram umas latinhas.
Saíram lá pelas seis, no Gol vermelho do Bode.
Fui no bingo ali da esquina. Pra ajudar a igreja.
É um pessoal tão bom. O Senhor fez obras em mim.
Depois do culto, que acabou às oito e meia, começou o bingo.
Acho que voltei às dez.
Estranhei porque não tinha ninguém em casa, e o portão não tava do mesmo jeito que eu deixei.
Como eu fui direto na cozinha, encontrei o saco preto com os três canos enferrujados. Mas não tinha nenhum dinheiro.
Não sei dessa mochila do assalto, não.
Amarela? Pior ainda.
Carrego minhas coisas na sacola da Renner. Não gosto de bolsa.
Tenho só a mochila de couro, pode ver.
O revólver, só peguei pra jogar fora. Joguei no lixão da esquina. Não aguentei aquilo na minha frente, na cozinha. Justo onde eu rezo? O espírito santo aguenta? Nem eu.
Sabia que, se descobrissem, eu tava lascada.
Quis fugir de casa porque queria vida melhor, doutor. Ano passado, me meteu sete balas no corpo! Sete balas, doutor! No meio do Bar do Vandir, comemorando aniversário da afilhada. Toda aquela gente no boteco, ele sacou o cano e começou a disparar feito louco.
É coisa do demônio.
Fui salvada por Jesus, sete é o número Dele!
Por causa do Antônio, as crianças tiradas de mim. Nas mãos da justiça.
Entraram lá em casa e pegaram craquinho, erva, agulha: nada meu! Nunquinha!
Tudo do Antônio, escondido.
Ouviram mentira de vizinho. Esses, sim, do mal, do cão.
O Antônio nem batia tão forte.
Eu tinha que segurar as crianças, né? Senão, elas fugiam. Uma palminha nunca faz mal.
Mas não teve chicote, não. Nunca nunquinha.
Eu fiquei mesmo com medo do assalto. E dos assaltantes.
Tua vida muda quando é um marginal na tua cama. Tua vida não é mais a mesma.
Só o Senhor salva, só o Senhor tem a cura dos ceus, a fé entre irmãos.
Aleluia!
Perdão, doutor.
Mas o Senhor fala em mim. Minhas palavras é Dele! É o mesmo sangue. É a nossa voz!
Sou conhecida de todo o Jardim dos Pássaros e do Ney Braga.
Nunca fiz baderna nem marginalidade.
Respeitada no culto, a oração da sexta é sempre minha.
Me criei no campo.
Ó a mão de trabalho, ó.
Nunca envolvida com droga. Nem sei que gosto.
Nunca vi esse dinheiro. Senão, fugia de Maringá.
Ou não.
Comprava uma casa boa, lá no Jardim Tabaetê. Na rua Vasco da Gama tem o meu sonho, média, quintal pras crianças.
Tô na mesma casa, doutor. Vá lá ver a situação.
A coisa tá feia. É a crise, né? Me mudava! Ah, se me mudava! Com todo o dinheiro na bolsa! Praquela besta sentir minha falta. Pra eu matar a vida dele toda. E ele correr pra mim de novo. Sem safanão, com muito beijo na nuca, me chamando de amor. Nada de trambolho.

sábado, 10 de outubro de 2009

Dicas de leitura - J. M. Coetzee

O sul africano J. M. Coetzee: críticas aos EUA, Tony Blair e Guantánamo
A partir de hoje, vou disponibilizar algumas críticas literárias que tenho feito para a Rádio Universitária Cesumar FM. Não sei ao certo o horário do programete - vou verificar. Já gravei sobre "Órfãos do Eldorado", do Milton Hatoum; "A Segunda vez que te Conheci", do Marcelo Rubens Paiva; do Philip Roth, critiquei "Indignação" - que foi publicada, originalmente, em O Diário; "Leite Derramado", do Chico Buarque - crítica publicada em O Estado do Paraná; "A Arte de Produzir Efeito sem Causa", o penúltimo livro do Mutarelli; enfim, já tem uma pequena lista.
"Diário de um Ano Ruim", que publiquei no ano passado, em O Diário, é o último romance do Nobel sul africano J. M. Coetzee. A trilha fica por conta de Tchaikovsky. Para ouvir, clique aqui:

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Volta pra vê, desgraçado!

Cê desgraçou a minha vida, Antônio
Nunca tão infeliz
De casa não saio mais
Larguei cigarro, cerveja, o emprego de empregada
Só vou pro 14 Bis nas noites de sexta
Ninguém nunca entendeu
Os beijos no Bar do Vandir
Depois, na mesma noite, os disparos no meu peito
Sete tiros não me apagaram
Pensa que não lembro?
Cê cuspindo no meu corpo:
Moisés catarrando no Mar Vermelho
Levaram flor e bombom no Hospital
Não sei quem, sem nenhum bilhete
A justiça pegou as crianças
Querer de volta é impossível
Acharam as agulhas espalhadas no meu quarto
Os craquinhos e a erva em cima da geladeira
Mas não encontraram os três canos enferrujados no armário
Dos vizinhos escutaram a denúncia
Que o seu chicote arrebentava minha costa
Pior do que cavalo
Inventaram que as crianças também surradas com chicote
Enquanto eu ria e segurava uma por uma
A penitência do dia, de segunda a segunda
Tô orando na Igreja da Graça de Deus
Duas quadras daqui de casa
Jesus entrou de novo em minha vida
Daqui não sai tão fácil
Aliviou meus horrores, sonhos bons me acontecem
Joguei fora toda erva, todo crack
Vendi suas roupas pra Maria
Bem guardado o dinheiro do último assalto
Volta pra vê o que te acontece, desgraçado:
Três canos esperando a sua morte

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os leitores existem

Hoje foi um dia muito especial, porque pude sentir o carinho dos leitores com este malfadado blogue. Pois é, tudo indica que existem leitores por aqui. Este fato já é motivo de sobra para comemorar. Nesse exato momento, estou abrindo um Casillero del Diablo. Tim tim. A lista surpreendente inclui Doutor em literatura, jornalista, acadêmico e até um abantesma!
O feedback começou logo de manhã, com o grande professor e editor de O Diário, Clóvis Augusto Mello, revelando conhecer a existência destes contos. Ele disparou, no meio da aula, que a sua jovem filha está PROIBIDA de ler os contos que aqui são postados. HAHA. Pôxa, Clóvis, sacanagem! Ela pode até ser uma futura leitora!
Dai logo à noite, eu tava sozinho na cantina da UEM, e encontrei meu amigo Zau, Jeferson Voss, que tá estudando Administração. Ele relatou ter lido alguns contos hoje à tarde e fez uma série de críticas: "Nunca vi tanta perda de tempo! Quantos contos idiotas! Mas que merda, hem?". O Zau ficou surpreso e riu pacas quando eu disse que tô preparando um livro. Zau, canalha, você me deve um café, maldito!
Outra grande personalidade que passou recentemente por aqui é o professor de literatura e poeta maringaense Marciano Lopes. Em uma das aulas lá na UEM, Marciano citou o conto "Manolo me come!" e fez uma breve análise. De acordo com Marciano, ao inserir a palavra "amásia" no conto, eu me posiciono contra a personagem feminina, Dulce. O professor afirma ter recorrido ao dicionário para conferir o significado pejorativo da palavra. Embora o significado pejorativo não exista, amasiado, segundo Marciano, está relacionado à promiscuidade. Assim, eu atuei como um narrador autoritário, conduzindo o julgamento do leitor - o que não se repete durante o resto do conto. Pôxa, ter um conto analisado na frente da sala inteira é uma experiência estranha pra cacete. E foi bem legal também porque, além do professor Marciano, uns dois ou três confessaram ter passado aqui no blogue. O escritor Nelson Alexandre foi um deles.
Para fechar, destaco o comentário de Clarice Lispector. A autora voltou à vida para dizer que gostou de "O Estrábico":
"Alexandre Gaioto mergulha no oceano da carne e da língua para dizer o indizível. Transcende o meramente factível. Fabuloso. Aqui não há lugar para clichês. Alexandre Gaioto escreve como quem goza. Sua caneta, um membro saturado de potência, porra. Sem sombra de dúvida o grande escritor da atualidade. Alexandre Gaioto não vai ser jornalista. Vai ser escritor, porra! Ass. Clarice Lispector"

Clóvis, Zau, Marciano, Nelson e Clarice: valeu!

Um conselho de Roth


“Os sentimentos podem ser o maior problema na vida. Os sentimentos podem nos pregar peças terríveis”, alerta Philip Roth. Nestas duas frases, o maior escritor vivo da língua inglesa expõe o cerne de seu novo romance, “Indignação”.
Em seu vigésimo nono livro, Roth retoma a influência da sociedade judaica, a tensão sexual de seus personagens e o excesso de proteção familiar que os envolvem. A novidade, desta vez, está no rompimento com os narradores velhos de seus últimos livros, “O Fantasma Sai de Cena” (2008) e “Homem Comum” (2007).
Narrado em primeira pessoa pelo jovem Marcus Messner, um estudante de direito que está sob efeito de morfina, “Indignação” é um romance primoroso, permeado por diálogos cortantes e conduzido por minuciosos detalhes que constituem, a cada página, o emaranhado psicológico dos personagens de Roth.
No momento em que o protagonista inicia sua vida acadêmica, seu pai passa a temer sua morte de uma forma paranoica, doentia, ainda mais acentuada do que em “O Complexo de Portnoy” (1969), obra que assegurou o lugar de Roth na literatura contemporânea.
Seja com relação aos seus familiares, aos colegas de quarto, à religião e até mesmo na relação sexual com uma colega, o narrador sente-se constantemente indignado, mas sempre escolhe evitar os problemas. A calma de Marcus Messner, no entanto, tem limites. E é discutindo com o diretor de alunos da universidade que o protagonista dá voz aos seus sentimentos e ofende verbalmente o diretor, o que resulta na sua expulsão.
Convocado para ingressar o exército estadunidense na guerra da Coreia, Messner morre atrofiado pelas baionetas inimigas, em um ambiente tão sangrento quanto ao açougue em que trabalhou durante a adolescência.
Por meio de personagens perturbados, que vivem as diferenças existentes entre a cultura judaica e a cultura norte-americana, Philip Roth, aos 76 anos, produz outro retrato provocante dos sentimentos humanos. E revela ao leitor que, às vezes, o melhor é cumprir as obrigações da mesma forma passiva e tolerante tal como Messner, trabalhando no açougue de seu pai, aceitava a tarefa de eviscerar galinhas: “Nauseabunda e repugnante, mas tinha de ser feita.”
Que a vida fosse boa e justa para Messner e para todos nós, mas ela é repleta de injustiças, desaforos, indignação. Evitar os confrontos e aceitar passivamente algumas ordens pode ser a melhor estratégia, de acordo com o conselho de Philip Roth.
Crítica publicada no jornal O Diário do Norte do Paraná, no dia 4 de outubro de 2009.