sábado, 25 de junho de 2011

Todos os poemas para Lighia

Lighia me conquistou recitando Baudelaire no original
-nunca gostei dessas atrizes que recitam poemas e choram e interpretam em dramas demais
Mas Lighia recitando no bar entre uma cerveja e outra
-não entendo coisa alguma de francês
Falava do seu pai poeta
-sem citar os versos dele
Da primeira aula de violão com o professor ensinando Paralamas
-embora ela quisesse mesmo era aprender Baden Powell

Quando notei ao meu lado a intensidade de Lighia
-antes do bar num concerto sentindo os acordes do Manuel de Falla
Alma absorta no duo de violões
-eu absorto na sua tristeza
Decidi a partir de hoje escrever todos os poemas para Lighia

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Em você perdido

Não sei responder assim
De veio como quando
De onde surgiu
Aquela vontade de te
Assustou e te parei
No meio do bar tão
Em você perdido
Com o copo na mão
-primeiro a cerveja
Depois o vinho
Bêbado catatônico
Tro-
pe-
çan-
do
Em palavras vomitando
Frases um trecho desordenado da
Divina Comédia
Que você pediu e gostou Alexandre
Me repete essas palavras
Com prazer
Seria capaz de sabia passar uma vida
Na sua frente
Repetindo o mesmo trecho
Da Divina Comédia
Lendo cervejas
Bebendo Dante
Enquanto você fuma um baseado e suave acaricia
Seu cachorro Ringo debaixo de um pôster
Dos Beatles
Num momento estranho
Voltei a viver
-e gostei disso

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pra Noêmia

Louca de pernas abertas
Bem molhadinha ele me deixou
Começava assim Marta me chamando pelo nome:
Noêmia
Fui despedido e caí na vida
Precisando comprar leite pão pros dois filhos
De costa com a família sem um centavo pra dívida
Enterrado pra sempre na miséria e azar?
Pensei que sim
Deus tinha então me abandonado
Ah cotovia no terror é tão triste lembrar o dia feliz
Na Vila Operária não me olhavam mais
O alvo favorito das mentiras do Tatá
Dedão na minha frente gritando ofensa e palavrão
Logo eu roubando dinheiro do caixa no karaokê?
Jurei em nome da mãe mostrei bolso debaixo do boné
-nem quiseram ver lugares íntimos
Te tiram a honestidade sem prova numa sexta qualquer
E pra sempre traidor até o fim dos dias
Verdade sim cotovia me envolvi em coisa ruim
Arrependido cada vez que deito a cabeça e durmo
Teve mesmo o lance do roubo no velho
Na mansão sem machucar ninguém
Pra pegar só um dinheiro de quem tem muito
Tudo isso com bebida sem dormir e maldito
Longe de ser perfeito
Ao seu lado morro de orgulho
-aqui ó a pontinha de vergonha da tua pureza
Todo meu carinho e agradecimento
Trabalhar no culto me deu uma coisa boa
Dentro fundo sabe como é?
Cotovia
Sou um homem só
Mas sou todo seu
-se quiser claro
Com carinho
Seu devoto
Manolo
Viu só Marta?
Que grandalhão assim te manda flor com carta no sábado?