domingo, 29 de novembro de 2009

Cerco na praça

Aquele baxinho era bom de briga.
Nunca vi igual.
Eu sai da Farmácia pra comprar camisinha e shampoo pra Marlene.
Cafetão companheiro e assessor né?
Os cinco bem na pedra com lata na mão.
Tudo preto. Raça desgraçada.
Apressaram o passo pra dá o bote.
Presa fácil de metro e meio.
Gosto de uma briguinha cê sabe.
Olhando a gente aprende.
Sempre curioso desde criança.
Dando golpe nas primas.
Quebrei o braço da Dinara.
A perna da Dulce.
De castigo um ano inteiro.
Dobraram a Brasil indo pra rodoviária velha.
Cruzaram a rua e foram pra praça.
Bem no meio dela o cerco feito.
No palco sagrado onde os pastores infernizam de dia.
Todos com canivete.
Um magrelo com pau de vassoura.
Ficou parado jogou as duas sacolas no chão.
Não sei com o quê.
Nem quero saber.
Tá louco.
O magrelo foi primeiro.
A paulada bateu no braço direito do baxinho que se protegeu.
Antes de erguer de novo pro próximo golpe uma rasteira surpreendente.
E um pisão na cara. Menos um.
Encarou o bando.
A luz do poste bem no olho.
Algo lá no fundo?
Morte e sangue. Medo nenhum.
Dois se aproximaram com os canivetes.
O chute na boca do estômago do da esquerda.
O da direita meteu o canivete no ombro do baxinho.
Ganhou em troca uma porrada de desorientar.
Outra mais forte. Caído.
Tirou o canivete do ombro e meteu na costa do outro pelego.
Caceta!
Pois é.
Tinha mais dois.
Um caiu fora. Saiu pela sombra.
O outro chegou na voadora e errou o alvo.
Quando se deu conta já tava estirado no chão. Sem consciência.
O cabo de vassora quebrado em dois. A costa fudida.
Pegou tranquilo as sacolas.
Como se nada bicho.
Tinha que ver.
Menor que eu e você.
Saiu rumo rodoviária.
Assoviando Tonico e Tinoco.
Moreninha Linda.
A Marlene encheu o saco pela demora.
Teve que chupar um cara lá sem capa.
Mil desculpas e uns beijinhos.
Gosto muito dela um amor.
Longe de mim o que seria?
Por isso falo pra você se espertá.
Cê vai se fudê ainda mermão.
Escolhe os gordos lentos que não dá pra surpreender.
Baxinho em Maringá pode ser perigoso.