Quinta-feira.
22h37
Encosto a Pampa na praça da rodoviária velha.
Nenhum pedestre.
Nenhuma pomba.
Apoiado na janela ele me mostra a cruz no braço.
Cadê a grana vacilão?
Mais de vinte dias pra ajeitar a dívida.
Isso por causa de pedra.
Vício maldito.
O punhal prateado brilhando à luz do poste.
Desce da Pampa doidão!
A Pampa.
Presente do meu pai antes de morrer.
Eu vou mas ela fica pra te guiar meu filho.
A Pampa.
Onde comi algumas namoradas.
Desce da Pampa doidão da porra!
O punhal espetando o peito cheira à morte.
-ou ferida das bravas.
Como explicar depois na construção em casa no barbeiro?
Sequestro por engano?
O mistério do roubo da Pampa?
Nem seguro tem.
Fuça dentro do carro.
Confere se algo na carteira.
Apalpa minhas partes bem apalpado.
Rindo.
Meio bêbo chapado.
Sabe que tá fudido né?
Sou só o menor deles vacilão.
Não é mesmo pra ter medo de eu.
Lê alto meu endereço na carteira.
Ainda hoje só mais umas hora seu puto!
Na Pampa entro vou embora e dou a volta no quarteirão. .
Estaciono debaixo da mesma árvore.
Ao lado da banca de jornal.
Ele vem furioso.
Arregaça a manga pra intimidar.
Sabe que sou cagão.
Que tenho família emprego além de tudo boa reputação.
O punhal prateado volta a brilhar sob a luz do poste.
Abre a boca o banguela vem falando merda.
Gritando na praça vazia.
Três disparos no meio da fuça dele.
Impiedosos.
Aos pombos um banquete incomum de carne fresca.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário