quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Oscar Fussato lança "Nihonjin" em Maringá

Oscar Fussato Nakasato, de 47 anos, colecionou derrotas em sua trajetória literária. Sem nada a perder, enviou os originais de seu primeiro romance, "Nihonjin", em 2007, para as doze principais editoras do País, como Companhia das Letras e Editora Record. Todas elas bateram a porta em sua cara. O escritor, nascido em Maringá, resistiu e manteve as esperanças em sua obra.
Em fevereiro deste ano, o livro foi anunciado como vencedor do Prêmio Benvirá, que contou com 1.932 inscrições. A obra foi contemplada com R$ 30 mil e foi publicada, finalmente, em maio, pelo selo de literatura da editora Saraiva. "Nunca abandonei o meu livro. Sempre acreditei que era uma boa obra", disse Nakassato, que lança seu livro nesta sexta-feira, às 19h, na Livrarias Curitiba, no shopping Catuaí.
Ele diz que nunca soube ao certo exatamente por que seu livro foi ignorado em uníssono pelas editoras. "Não sei bem o que aconteceu. As editoras são empresas. Acharam, talvez, que meu livro não tinha potencial de venda. Mas, na minha opinião, ele tem, sim", avalia.
Segundo a nota divulgada pela comissão organizadora, formada por José Luiz Goldfarb (curador do Prêmio Jabuti) e pelos autores Nelson de Oliveira e Ana Maria Martins, o resultado do prêmio foi unânime.
"Esse romance é, antes de tudo, uma competente reconstrução histórica da imigração japonesa, tema pouco presente em nossa literatura. Sua força literária está não apenas na linguagem direta e sem firulas, nos personagens e nos conflitos marcantes, mas também no poder de comover o leitor", elogiou a comissão.
Doutorado
A ideia de escrever "Nihonjin" surgiu em 2002, quando Oscar terminava sua tese de doutorado em literatura brasileira. No trabalho acadêmico, o pesquisador traçou um panorama de todos os livros de ficção da literatura brasileira que abordavam a questão do mito e resolveu explorar o tema em seu próprio romance.
Narrado em primeira pessoa, "Nihonjin" mostra o painel da imigração japonesa no Brasil, por meio do personagem Hideo Inabata, japonês orgulhoso de sua pátria, que vem ao Brasil na segunda metade do século 20 e enfrenta grandes dificuldades para se adaptar ao "País do Futuro", como definiu o escritor austríaco Stefan Zweig.
No enredo, Hideo se arrepende da dura postura adotada em relação aos seus filhos. O filho assumiu o sentimento brasileiro e morreu após a Segunda Guerra, enquanto a filha trocou um marido japonês por um brasileiro.
A história começa na segunda década do século 20 e termina na década de 1980. Para romancear o cenário nipo-brasileiro, Oscar, que é descendente de japoneses, utilizou livros de história, sociologia e antropologia para embasar seu enredo, como "Estruturas Familiares e Mobilidades Sociais: Estudos Sobre Japoneses para São Paulo", escrito pela socióloga Ruth Cardoso.
Na organização do livro, os capítulos ganharam uma força própria e podem ser lidos como se fossem espécies de contos. "Na história, uso muitas lembranças, mas não chega a ser um livro autobiográfico", comenta.
Leitor de José Saramago, Machado de Assis, Guimarães Rosa e Clarice Lispector, Oscar acompanha a produção literária do País. Ele lê o paranaense Cristovão Tezza, o amazonense Milton Hatoum e acompanha os romances de Chico Buarque. "‘Leite Derramado’ é o melhor livro do Chico. ‘Estorvo’ e ‘Budapeste’ também são bons. Dele, só não li ‘Benjamin.’"
"Falta renovação"
Para Nakasato, o cenário da literatura brasileira, no entanto, é previsível e clichê. "Falta uma renovação entre os autores brasileiros. Apenas alguns nomes se destacam e aí permanecem eternamente. Os prêmios literários são recebidos apenas por quem já tem nome, como o Tezza, o Hatoum e o Chico. Precisamos de novos nomes", proclama.
Nascido em Maringá, Oscar cursou Direito na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e, após dois anos debruçado sobre leis, códigos, direitos e deveres, debandou para o curso de Letras, onde concluiu a graduação e pôde mergulhar na sua paixão. "Na UEM, com as aulas da professora Alice Penteado, eu entrei na literatura de um modo geral", recorda.
Sempre professor
Oscar ministra aulas na Universidade Tecnologia Federal do Paraná, em Apucarana. Ele leciona aulas de Língua Portuguesa e Literatura para o Ensino Médio e, nos cursos superiores de Engenharia, Tecnologia e Licenciatura, se dedica às disciplinas de Produção de Texto e Comunicação Linguística. Com os jovens de 18 e 19 anos, o escritor de Apucarana se sente mais à vontade. Até mesmo porque, ele pode discorrer sobre literatura.
"Eu nunca vou deixar de ser professor. É o que mais gosto de fazer. Não sou um escritor que dá aulas para ganhar dinheiro. Sou um professor que escreve", define-se.
Local: Livrarias Curitiba, no shopping Catuaí.
Horário: 9 de setembro, às 19h.

3 comentários:

F@bio disse...

E ai alexandre quando veremos o seu romance publicado e ganhando premios?

F@bio disse...

E ai alexandre quando vremos o seu romance publicado e ganhando titulos

Rafael A. F. Zanatta disse...

Grande Oscar!

Nos recebeu com muita humildade no lançamento do seu livro aqui em São Paulo.

Nihonjin está nas principais livrarias da cidade. O cara merece!