Entrei na sala escura de mãos dadas com Ariádiny. Ela me dá uma estranha sensação de paz. O delegado é um sujeito bigodudo, logo estendeu a mão, mostrou as cadeiras, olhou bem para Ariádiny e disparou. “Realmente. A literatura não comove tanto quanto o sorriso de Ariádiny.”
Ficou em silêncio. Tirou um exemplar do Diário e apontou para a minha foto estampada no jornal. Era a minha primeira crônica. Publiquei na semana passada. “Até gostei do texto, mas você não sabe o inferno que me causou.”
Ainda apontando para o texto, revelou que a mãe da filha caçula de João Gilberto, Cláudia Faissol – responsável pela carreira do cantor -, registrou um B.O. na 14ª DP, no Leblon, na sexta-feira passada.
Na segunda, ele disse, enviaram uma carta precatória para Maringá exigindo que você prestasse esclarecimentos.
“Que papo é esse de fritar o esôfago daquele velho antipático no meio da rua?” No texto, em que eu abria o peito para Ariádiny, dizia que se João Gilberto cancelasse o show, eu fritaria o esôfago dele no meio de uma avenida em Maringá. E fui além. Ameaçando, revelei o endereço onde João Gilberto mora: General Urquiza, no Rio de Janeiro. “Isso foi o fim”, reclamou o delegado bigodudo.
Pressionados lá no Rio, os agentes ligam de meia em meia hora. Querem ver seu eu estou aqui, se já deixei Maringá, qual o endereço da minha casa. Na General Urquiza, três policiais à paisana estão de campana desde sexta-feira, abordando todos os sujeitos munidos de uma churrasqueira portátil.
Não soube responder muito bem. Gago fico quando nervoso. Honrado, sim, em ser convocado pelo João Gilberto. Rasbiquei meu nome no depoimento. A pedido do bigodudo, fiz uma dedicatória ao seu sobrinho. “Adora os seus textos. Quer ser jornalista”, explicou.
“Que papo é esse de fritar o esôfago daquele velho antipático no meio da rua?” No texto, em que eu abria o peito para Ariádiny, dizia que se João Gilberto cancelasse o show, eu fritaria o esôfago dele no meio de uma avenida em Maringá. E fui além. Ameaçando, revelei o endereço onde João Gilberto mora: General Urquiza, no Rio de Janeiro. “Isso foi o fim”, reclamou o delegado bigodudo.
Pressionados lá no Rio, os agentes ligam de meia em meia hora. Querem ver seu eu estou aqui, se já deixei Maringá, qual o endereço da minha casa. Na General Urquiza, três policiais à paisana estão de campana desde sexta-feira, abordando todos os sujeitos munidos de uma churrasqueira portátil.
Não soube responder muito bem. Gago fico quando nervoso. Honrado, sim, em ser convocado pelo João Gilberto. Rasbiquei meu nome no depoimento. A pedido do bigodudo, fiz uma dedicatória ao seu sobrinho. “Adora os seus textos. Quer ser jornalista”, explicou.
Mal deixei a delegacia de mãos dadas com Ariádiny, comecei a chorar. Meu Deus. Fui lido por João Gilberto. Não teremos, eu e Ariádiny, a noite que planejei, vendo o show de João Gilberto no gargarejo. Mas estamos indo para Curitiba. Vamos ver Chico Buarque. Eu, Ariádiny e Chico Buarque. Infelizmente, em poltronas distantes.
Com todos esses textos, Ariádiny já sabe o que penso sobre ela. Que não paro de pensar nela. Que gosto das suas quarenta e quatro estrelas tatuadas no pescoço, dela cantando Beatles enquanto toco violão, que o nascer do sol tem o mesmo amarelo da cor dos cabelos de Ariádiny – e é mais intenso, o nascer do sol, ao lado de Ariádiny, bebendo Santa Helena.
Veremos Chico Buarque. Já tenho antecedentes. Não é boa ideia ameaçar Chico Buarque nos meus textos. “Escreva e te mando em cana”, alertou o bigodudo, depois que terminei a dedicatória ao seu sobrinho, escrita às pressas, enquanto Ariádiny me abraçava forte.
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