terça-feira, 24 de agosto de 2010

Maníaco da moto

Eu tinha brigado com o Baiano.
Ele já tava bêbado.
De olho na gordinha da mesa ao lado.
Vai saber o que fez com ela depois do Meu Pato.
No meio da briga me chamou de puta.
Gorda baranga do carai.
Com o taco de sinuca ameaçou uma surra.
Ali mesmo no meio do bar.
O Celso e o Bode tavam junto.
Eles pensam que sou trôxa.
Bem sabia o motivo da alegria.
Comemorando mais um assalto.
Pagando cerveja pra todo mundo.
Era só pedir.
Daí na esquina mesmo liguei pro moto taxi.
Esperei dez minutos.
O cara parou na minha frente.
Esticou o capacete.
Corrida pra onde mesmo?
Moro perto dali.
Na rua perto do Bar do Vermelho.
Mas não arrisco voltar andando não.
Terra de maníaco é Maringá.
Rua Vasco da Gama.
A cor?
Preto feito a morte.
Que era bonito era.
Não tava nervoso.
Subimos pra Avenida Cerro Azul.
Ele virou o redondo certinho.
Seguiu.
No meio da Cerro Azul o pedido.
Se eu incomodava de passar num amigo.
Coisa rápida 5 minutos.
Só pegar um boné emprestado.
Não quis não.
Ele disse que não ia cobrar.
Entrou numa vilinha.
Uma coisa esquisita.
Ruas estranhas.
Logo me perdi.
Vi que tinha algo errado.
Parou a moto numa rua deserta deserta.
Na pressa de descer queimei a perna no escapamento.
Neguinha minha!
Todo fogoso veio pra cima de mim.
Musculoso.
Macho pra danar.
Se não gritei?
Não parava de tremer.
E a voz nessas horas desaparece.
Em momento algum tirou o capacete.
Deu uns tapinhas na minha bunda.
Eu desesperada.
Ele me fodeu feito um animal.
Descontrolado.
Viseira aberta.
Acabado.
Um último tapa na bunda.
Com o capacete bati nele.
E corri.
-minha salvação.
Não posso ouvir barulho de moto.
Entro em desespero.
Lembro dos detalhes.
Do Baiano me ameaçando com taco.
Da vilinha.
Dele deitado sobre eu.
A voz desaparece.
Fico muda sem palavras.
Forte dispara o coração.

2 comentários:

Jonathan Oliveira disse...

excelente! quase posso ver o acontecido.

Fabio disse...

eu já vi coisa parecida. depois escrevo la no meu. haha