Gosto de comer mulheres. Muito. Desde que minha ex - que fodia mal e tinha uma bunda mole - me meteu um pé na bunda, há uns meses atrás, não tenho do que me queixar. Maringá acolheu um órfão de braços – e pernas – abertos. Amém. Um notívago como eu, míope, exilado de academias, é a prova de que qualquer sujeito escroto pode comer bem nessa cidade.
Quando Caio me ligou no domingo passado, dizendo ter recebido um fora da namorada de quatro anos, tentei acalmá-lo. Caio, vamos pro bar. Vamos nessa, tenho que te contar daquela morena – uma estudante de educação física da UEM que eu havia conhecido e fudido na semana passada.
Chegamos no Democrático, na Zona Sete. Gosto de lá porque toca rock, AC/DC, Metallica, e o litrão é barato. Chegamos sozinhos. Na mesa da esquerda, duas morenas e uma loira bebiam Brahma: uma mesa de futuro.
Para você saber seu efeito sobre as mulheres de Maringá, basta notar os pés debaixo da mesa de plástico. Se começarem a bater logo após você sentar, meu amigo, sua noite está garantida. Notei que uma das garotas tinha um pescoço esbelto, que me lembrou os quadros de Modigliani – além de seios, coxas e decote. Mas eu não cheguei com essa cantada por dois motivos óbvios.
Se ela fosse inteligente – característica extremamente rara em mulheres maringaenses -, talvez ficasse ofendida. Você, me chamando de pescoçuda? Talvez. Mas, como essa garota certamente tinha um nível de estupidez considerável, não seria agradável chegar citando Modigliani. Ninguém quer ser um alienígena munido de pintores numa mesa de bar.
Por isso cheguei na mesa, sentei e disse algo sobre seu pescoço. Como é lindo o seu pescoço. Ela me olhou, assustada. Sei que ninguém nunca elogiou o seu pescoço. No máximo, continuei, você sabe que arrepia e esquenta na língua ou na barba mal feita, algum ex, atual, algum noivo, você não é casada e têm filhos?
Não tenho certeza. Faz tempo que parei de olhar aliança. Já me dei bem com uma casada, e não abordaria a mesa em que ela estava sentada, nem teria fodido ela atrás do Senac, numa rua deserta, se soubesse do seu comprometimento – mas isso eu não falei para a Modigliani.
Na verdade, ela gostou de ter, pela primeira vez na vida, seu pescoço elogiado por um estranho num bar de rock. E logo chamou o Caio para conversar na mesa também - afinal, o que fazer com as outras duas garotas?
O problema é que Caio não fala. Quieto, olha, acompanha, ri e, quando quer, dá o bote, astuto. Caio fala com silêncios. Perguntei, em seguida, no terceiro diálogo da noite, há quanto tempo ela não fudia.
Vermelha, rindo alto, loucamente, bateu os braços na mesa, apoiando os dois cotovelos: taí a resposta, há seis meses, eu disse. Ela ficou ainda mais vermelha, respondeu que era a coisa mais inconveniente que alguém já havia perguntado. Cortei aquela baboseira toda, perguntei se de quatro ou de lado. Ela me encarou. De quatro, claro. As amigas, que até então estavam em silêncio, também disseram suas posições favoritas. E abriram o jogo: Modigliani namorando sério há um ano e meio, e não via seu amado, que infelizmente mora em São Paulo, há cerca de seis meses. Em três perguntas, totalmente exposta.
Ficamos mais meia hora no bar. Fomos para o apartamento da morena – não lembro o nome -, na rua ao lado do Democrático. Caio pegou a garota, logo tocou para o quarto. Eu fui para a cozinha, preparei uma caipirinha, como quem não quer foder, como quem ignora o sexo: foi o bastante para ela ficar puta. Mulher, meu amigo, é extremamente competitiva. Me empurrou para o quarto, arranhou minhas costas, esqueceu de fechar a porta, deu de quatro, de lado, de quatro novamente, deu em pé, apoiada na cômoda, gritou com a janela aberta, gritou me fode, seu animal, me fode, seu escroto, nossa, meu Deus, nunca senti isso antes, que tesão, e eu já estava satisfeito.
Para encerrar o primeiro tempo, ela ainda me puxou, no momento em que eu ia gozar, e gritou dentro não! Goza aqui, na minha boca, seu canalha. Não é assim que o seu amigo te chama, canalha? Gozei primeiro em seu olho. Depois na testa. Em seguida no queixo, gozei nos lábios e no nariz dela. Pegando no meu pau, vencido na batalha dos justos, passou no rosto inteiro, batendo aos poucos, feliz, no sorriso aberto. Nunca fiz isso, ela me disse. Acho que te amo, Alexandre. Segurei a risada, claro. Ela foi para o banho, voltou de toalha, fudemos novamente, ela tomou banho, e dormiu.
Deixei o apartamento no meio da noite - nunca durmo com uma mulher na primeira noite. Antes, notei a foto do corno da Modigliani, pregado na parede do quarto num desses corações que servem de portarretrato. Um corno exemplar. De camiseta xadrez e bermuda. Um desses bombadões de academia. Deve ser publicitário.
Modigliani acordou solitária. Talvez, vá se masturbar durante algumas semanas lembrando a noite passada em que deu para um estranho fascinado em seu pescoço. Talvez ligue para o bombadão só à noite, não no almoço, como sempre faz, dizendo te amo, meu amor, sinto sua falta, me guardando só para você, aliás, quando você vem me visitar, hem? Maringá, túmulo dos infiéis.
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4 comentários:
Achei o texto deveras gozado.
Deve ser publicitário.
Gaioto, você é foda, meu amigo. E se eu não tivesse estudado com o Caio (o galã dos anos 90, o senhor come quieto), talvez duvidasse dessa história toda do Democráticos. Mas tá aí. Não duvido nada dessa sua foda.
A dica do pezinho é preciosa. Vou adotá-la, nem que seja para alertar o parceiro de copo.
Um abraço, canalha.
História Verídica na realidade da ficção hein! kkkk!
Vim retribuir a visita (ou foi vc que retribuiu uma primeira minha? - memória falha!).
Não gosto dos termos que usa, prefiro sutilezas... mas escreve lindamente.
Além das pérolas, Maringá tem seus tesouros. =)
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