domingo, 6 de dezembro de 2009

Sorriso do demônio

Minha vida arruinada.
Não fosse a força do pastor Messias que evitou o suicídio.
Lendo a palavra ao lado da minha caminha.
Vem às nove da manhã bem cedinho.
Volta no por do sol antes de ir pro culto.
Mas Jesus me compreende.
Não posso andar.
Cê tá vendo?
Envergonhado até o último suspiro.
Dos amigos recebo todo o apoio.
A minha vergonha eterna ao entrar no HU.
Jamais esquecerei.
Escoltado pela polícia.
Mancando feito doente.
Minha bermuda laranja toda ensanguentada na parte de trás.
Dói só de lembrar.
Só uma coisa da polícia.
Me trataram muito bem.
Me levaram no carro de sirene tocando desrespeitando sinal.
A urgência do caso né?
Do ponto de ônibus pro Hospital.
Mas sumiram com 50 reais.
Meu vale refeição e celular.
Ainda bem deixaram meu passe de ônibus e documento.
Tudo dentro da bermuda laranja.
No bolso fechado com zíper.
Nunca mexi com ninguém.
Namoro sério o Baiano.
Não queria que aparecesse ai no papel.
Sério casado tá pra separar da mulher.
Vamos viver juntos e felizes aqui no Jardim Tabaetê.
No ponto de ônibus chegou o desgraçado.
Queria saber meu nome e de onde eu era.
Não dei papo.
O ponto vazio ninguém às cinco e pouco.
Pego sempre o 335 ali.
Saio da frente do Avenida Center e paro no Cesumar.
Daí venho andando até aqui em casa.
Sou fiel sabe?
E insistia.
Que eu era lindo.
Veio me pegando.
Me agarrou e lascou um beijo quase na boca.
Não faz meu tipo não.
Falando bem da minha camisa cavada.
Voz baixa grave de sedutor.
De que vale a vida sem fidelidade?
Amo Baiano meu namorado:
Na vida um príncipe.
Na cama um animal.
Sou incapaz de qualquer traição.
Empurrei sim.
Disse que não jamais se afaste seu puto.
Cê podia imaginar.
Ó como tá escuro aqui doutor.
Essa é do primeiro chute.
A marca do coturno pesado preto feito a morte.
Cai no chão.
Pulava em cima de mim feito louco.
Gritei por Jesus Nossa Senhora São Mateus.
Me chamava de masoquista.
Eu desesperado iria morrer ali?
Olha aqui na costa o estrago.
Marcas que não saem tão fácil doutor.
Quando eu achei que era o fim do inferno.
Surgiu então o demônio.
Gordo de camiseta preta com estampa do capeta.
Barba grande cortada com navalha.
Cabelo grande ensebado um nojo.
O que seria de mim?
Me puxou pra cima na cara dele.
Senti a barba roçando a minha fuça.
O banguelo sorriso do demônio.
Já tinha uns carros parados no ponto de ônibus.
Todo mundo gritava.
Eu não conseguia escutar nada.
Me jogou no chão.
Ele ia pisar em mim não!
Arrancou minha bermuda ali mesmo.
O pessoal do carro sorria batia palma.
Me ajuda! Me ajuda!
Era o cão em todos eles!
Meu dia tinha chegado.
Pai nosso que estás no céu santificado seja o vosso nome venha a nós o vosso reino.
No meio da oração achei que tava sendo estuprado pelo gordo.
Doeu doeu doeu.
Sentia o sangue saindo da minha bunda.
Aquilo não era um pinto jamais não.
Um pedaço de madeira todo enfiado em mim.
Sem dó nem lubrificação.
Que eu desmaiei.
Ainda bem esses anjos passaram ali e me botaram no carro da polícia.
Me ajudaram no hospital.
São homens de Deus.
Salvaram minha vida.
Minha honra.
O queria de mim sem eles?
Minha situação tá difícil.
É remédio remédio remédio e café pras visitas.
Sei que é pedir muito.
Mas tem como eu ter meu dinheiro de volta doutor?
E meu celular?

2 comentários:

Unknown disse...

haUahAUahuhUahaUahuAHUah
nao acredito que vc fez uma continuação do conto do Bola! Cuidado com o cara da baqueta hem?

Silmara disse...

Eu hein este negócio de dizer que ama o meu namorado é estranho....